Onlyfans: abusadores usaram plataforma para transformar mulheres em escravas sexuais
Uma extensa reportagem da Reuters mostra o lado obscuro do OnlyFans relacionando casos de escravidão sexual, tráfico humano e agressão contra mulheres. Com a promessa de dinheiro e fama, diversas mulheres são escravizadas por seus parceiros em ciclos de abuso e traumas.
Em 2020, uma jovem do estado de Wisconsin conheceu Austin Koeckeritz por meio da internet e rapidamente se apaixonou. Como todo bom início de relacionamento, o casal vivia dias perfeitos, e Austin fazia promessas de viagens. No entanto, o parceiro começou silenciosamente a afastar a mulher de 23 anos de sua família e amigos, inclusive a proibindo de ir ao funeral de sua avó.A promessa de Koeckeritz não foi totalmente vazia. Ao performar os conteúdos sexuais na plataforma, a vítima arrecadou pouco mais de US$ 420 mil (cerca de R$ 2,5 milhões em conversão direta) com os vídeos, mas Austin repassou apenas US$ 2.000 (R$ 11.500) para a mulher, que chegava a trabalhar aproximadamente 60 horas por semana.
Aos investigadores, a mulher disse que o companheiro ameaçou a atirar em sua família, caso tentassem resgatá-la. Todas as ameaças eram feitas com um sorriso no rosto de Austin, que mantinha diversas armas em casa.
“Meu corpo estava pronto para morrer. Eu não tinha certeza se iria morrer pela exaustão física e abuso sexual contínuo, ou se iria acabar com tudo sozinha […] Ainda tenho pesadelos com isso”, conta a vítima.
Marcas da violência
A vítima contou à Reuters que antes de conhecer seu namorado, se sentia saudável e feliz. Com o passar do tempo, a jovem de cabelos loiros mostra fotos e dizia que meses após começar a sair com Austin, percebeu que o brilho já estava saindo dos seus olhos.
Hematomas na barriga e nas pernas começaram a aparecer constantemente. Os cabelos longos foram substituídos por um corte curto, e dos quase 70 kg que a mulher tinha antes do relacionamento, seu peso caiu para 45 kg.
“Espero que outras que estejam presas no tráfico saibam que elas não estão realmente sozinhas. Há esperança lá fora e sempre há alguém disposto a ajudar”, finaliza a jovem.
Em agosto de 2022, durante a parte da manhã, a vítima escapou da casa do namorado e encontrou um carro de polícia. Austin Koeckeritz foi preso e em sua casa foram encontradas 14 armas, incluindo um rifle, 20.000 cartuchos de munição, trajes táticos e diversos brinquedos sexuais usados nos atos.Em novembro de 2023, Koeckeritz se declarou culpado pelo crime de tráfico sexual e foi sentenciado a 20 anos de prisão.
Casos por todo país
Além da vítima em Wisconsin, outras mulheres também foram forçadas por seus parceiros a trabalhar sexualmente no OnlyFans e outros sites adultos, como Chaturbate e MyFreeCams. Também em 2023, uma mulher prestou queixas na cidade de Van Buren, no Arkansas, alegando que seu namorado a forçava a realizar sexo por horas para o OnlyFans, e caso ela resistisse, ele a atacaria fisicamente.
Já na Flórida, em Orlando, uma mulher prestou depoimento a um detetive e contou que seu marido a forçava a produzir vídeos pornô por meses. Os abusos ocorreram em um parque de trailers nos arredores da cidade, e o homem só foi preso por conta de um crime não relacionado do passado. Segundo a reportagem, o homem foi acusado de tráfico humano, mas a mulher retirou as acusações meses depois.
Promessas de fama e dinheiro
Além de casos envolvendo parceiros, um processo movido contra uma atriz pornô mostra uma rede de tráfico humano. Brittanya Razavi, uma ex-apresentadora de programas de TVs e atriz de filmes adultos, foi acusada de manipular duas mulheres e roubar os lucros obtidos por meio de conteúdo pornográfico.
Razavi teria realizado a coerção de duas jovens, uma delas que havia perdido seu emprego durante a pandemia, e uma imigrante expulsa de seu lar adotivo quando adolescente. Brittanya persuadiu ambas a criarem contas no OnlyFans por meio de sua tutela, que também tem conexões com a empresa de gerenciamento Fenix International, prometendo 50% dos lucros.
A mulher usou a carteira de identidade e número do seguro social de ambas para criar perfis no OnlyFans que somente ela poderia acessar. Então, Razavi forçava que as jovens ficassem bêbadas para performar as cenas de sexo. A golpista arrecadou cerca de US$ 1,3 milhões (R$ 7,5 milhões) com os vídeos, dando apenas 10% para as vítimas.
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