Mulheres que não possuem mais óvulos também podem engravidar por fertilização in vitro

Mulheres que não possuem mais óvulos também podem engravidar por fertilização in vitro
A injeção intracitoplasmática é uma técnica de reprodução assistida (Eugene Ermolovich/CRMI)
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O número de procedimentos de fertilização in vitro (FIV) voltou a crescer no Brasil, após queda no primeiro ano da pandemia. Os dados são do Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio) dos Centros de Reprodução Humana Assistida (CRHAs) do Brasil. 

O SisEmbrio contém informações sobre a reprodução humana assistida, como ciclos realizados, quantidade de gestações clínicas, procedimentos de recepção de óvulos doados e congelamento de óvulos e embriões. Ao todo, 202 mil embriões foram congelados no Brasil nos anos de 2020 e 2021. 

Em 2021, foram realizados 45.952 ciclos de FIV, aproximadamente 11 mil a mais que em 2020, quando foram registrados 34.623 procedimentos. Esse número tinha apresentado queda de 9 mil ciclos em relação a 2019, com 43.956 procedimentos. A pandemia de Covid-19 pode ter impactado sobre esse resultado.  

Como é feita a fertilização in vitro? 

A FIV é um tratamento de reprodução humana assistida que consiste na fecundação do óvulo com o espermatozóide em ambiente laboratorial, formando embriões que serão cultivados, selecionados e transferidos para o útero. É um dos procedimentos mais indicados para quem deseja engravidar, devido à segurança e às altas taxas de sucesso. De acordo com a técnica da Gerência de Sangue, tecidos, células e outros órgãos da Anvisa, Renata Parca, a coleta dos óvulos nas mulheres e dos espermatozóides nos homens é seguida por várias etapas para a fertilização.

“Após a coleta, são realizadas técnicas de processamento desse material, a fecundação do óvulo com espermatozóide, os embriões formados são cultivados em incubadoras em um período de três a seis dias e posteriormente eles são transferidos para o útero da paciente ou são congelados”, completa.

Para a fertilização, o ginecologista, especialista em reprodução humana e endometriose, Frederico Corrêa, explica que a mulher deve ter óvulos suficientes para a coleta, a estimulação e a fecundação, mas há soluções no caso das pacientes que não possuem a quantidade necessária. 

“Algumas mulheres não têm mais óvulos, o ovário muitas vezes já entrou em falência. As mulheres que estão muito próximas à menopausa, essas mulheres podem fazer uso de óvulo doado, ou o uso de óvulos de bancos de óvulos. Então olhando por esse lado, mesmo mulheres que já estão na menopausa poderiam fazer uma fertilização in vitro, mas com óvulos doados por outra outra mulher”, explica o ginecologista.

A bancária Luzimere Martins, de 41 anos, optou pela FIV convencional após alguns problemas de saúde.

“Decidi realizar a fertilização porque eu tive endometriose profunda. Em 2009 eu fiz uma cirurgia e perdi parte do meu ovário direito e da reserva ovariana. Em 2012 a endometriose se agravou e fiz uma nova cirurgia. Perdi mais reserva ovariana, então as minhas chances de engravidar eram mínimas ou nenhuma de acordo com os médicos”, conta Luzimere.

Técnicas de Fertilização in Vitro

FIV convencional: Consiste em colocar os espermatozóides em contato com os óvulos, sem manipulação do embriologista durante 24 horas, para induzir a fecundação “naturalmente”. Após esse período, se a fertilização se confirmar, os embriões são cultivados de 5 a 6 dias, antes de serem congelados e transferidos para o útero. 

Injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI): Um único espermatozóide vivo é injetado dentro do óvulo, no citoplasma do oócito. Essa técnica é aplicada em casos de infertilidade de casais que tenham a quantidade de espermatozoides reduzida, falência ovariana precoce e/ou idade avançada para engravidar. 

De acordo com o médico Frederico Corrêa, há alguns riscos, porém são complicações raras:

  • Síndrome de hiperestimulação ovariana: após a estimulação do ovário, algumas pacientes têm uma resposta exagerada que pode gerar um quadro de grande retenção de líquido, de saída de líquido para dentro do abdômen. Porém, o ginecologista afirma que hoje existe um protocolo de estímulo que previne quase 100% desses casos;
  • Infecção: eventualmente, pode haver alguma infecção pélvica, quando a agulha é inserida na cavidade abdominal para a aspiração folicular;
  • Sangramento: após a coleta de óvulo, há risco de sangramento;
  • Trombose: pode acontecer caso a paciente produza uma quantidade de hormônios muito maior durante o ciclo da FIV que a produzida em um ciclo natural.

Cuidados com a varíola dos macacos

A Anvisa publicou a Nota Técnica NT 34/2022  na última sexta-feira (19), com orientações relativas à varíola dos macacos para os Centros de Reprodução Humana Assistida. As recomendações tratam da seleção e triagem de doadores de gametas e embriões, nacionais e estrangeiros, bem como dos cuidados com pacientes que irão passar por procedimentos. 

Como medida de precaução, a Anvisa recomenda que doadores com sintomas sugestivos da doença não doem gametas e embriões até que todas as lesões estejam totalmente curadas, por no mínimo 21 dias após o início dos sintomas. Doadores assintomáticos que tenham tido contato com casos confirmados ou suspeitos também não devem doar material biológico pelo período mínimo de 21 dias, a partir do último dia de exposição. 
 

Fonte: Brasil 61

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