Com sabor ou moderninhos, cigarros renovam clientela que não liga para câncer

Com sabor ou moderninhos, cigarros renovam clientela que não liga para câncer
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“Primeira vez que eu experimentei, tinha 16 anos. Fumei um cigarro mentolado. Um amigo, da mesma idade que ofereceu. Fumei por curiosidade e comecei e aos 23 anos, fumava uma carteira por dia’. O relato é de uma estudante universitária de 23 anos, que pediu para não ser identificada. Assim, ano a ano, a indústria do tabaco vai renovando seus clientes, agora com muitos sabores, até de melancia, além das versões eletrônicas.

Nesta terça-feira, de 29 de agosto, o Dia Nacional de Combate ao Fumo, poderia contar outras histórias, mas mesmo crescendo com as lições de quanto faz mal fumar, adolescentes continuam virando dependentes. A data foi instituída pela Lei No 7.488, há 37 anos, em 11 de junho de 1986.

Quando pensamos em uma caixa de cigarros, a primeira lembrança que vem a mente são as imagens utilizadas como ‘alerta’ dos riscos do consumo do tabaco.

Em vez de intimidar ou conscientizar, a estudante declara que “eu acho engraçado’. Ela conta que que parou de fumar temporariamente por conta da retirada de um dente, mas não deixou o vício de lado e ‘estou conseguindo volta’. Segundo ela,  “todos os jovens fumam. Fumar quando você bebe fica ainda melhor’, expressa.

Durante o triênio 2020-2022, o Brasil registrou cerca de 30 mil novos casos de câncer no pulmão, principal doença causada pelo tabagismo. O valor indica risco estimado de 16,99 novos casos para cada 100 mil homens e 11,56 para cada 100 mil mulheres.

De acordo com a SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica), cerca de 85% a 90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados ao uso de tabaco.

O médico pneumologista e professor do curso de Medicina da Uniderp Henrique Brito, alerta que os malefícios do vício, além de debilitar a saúde, causa três tipos de dependência:

Química: a mais conhecida e ligada a nicotina, que causa vício;

Psicológica: está ligada à dualidade de emoções, como uma fuga nos momentos tristes ou felizes;

Física: está relacionada ao gestual e hábitos no cotidiano do usuário.

A dependência nasce no campo psíquico e por isso está ligada às emoções’, ressalta o médico pneumologista e professor do curso de Medicina da Uniderp Henrique Brito

O especialista destaca que o cigarro possui mais de cinco mil substâncias que são liberadas pela combustão e está relacionado a 20 tipos ou subtipos de câncer, além de oferecer risco para doenças pulmonares, cardiovasculares, respiratórias e cerebrovasculares, dentre outras.

Brito destaca que os chamados ‘fumantes passivos’ também estão sujeitos a serem acometidos pelas doenças, pois a fumaça proveniente do tabaco, quando inalada, é tão prejudicial quanto tragar.

Tratamento – O tratamento para tabagismo é oferecido gratuitamente em 17 UBS (Unidades Básicas de Saúde), de UBSF (saúde da família) e no CEM (Centro de Especialidades Médicas), em Campo Grande.

Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), aproximadamente 90% dos fumantes desejam parar de fumar, porém a dependência física e psicológica da nicotina dificulta o processo. As unidades da APS (Atenção Primária à Saúde) têm um papel estratégico no apoio aos pacientes que desejam abandonar o tabagismo.

As equipes de saúde atuam no aconselhamento e orientação, tratamento medicamentoso, grupos de apoio, acompanhamento regular e abordagem multidisciplinar. O paciente passa por uma avaliação (teste de Fargestron) para considerar se ele é um fumante leve, moderado ou pesado, dentre outras dimensões e definições relacionadas.

Após a avaliação, o fumante passa por consultas individuais ou sessões de grupo de apoio, nas quais o paciente entende o papel do cigarro na sua vida, recebe orientações de como deixar de fumar, como resistir à vontade de fumar e como viver sem cigarro.

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