Corrimento vaginal: diferenças, principais causas e prevenção
Perguntas como “qual a diferença entre secreção vaginal e corrimento vaginal” são muito comuns e podem causar confusão. É certamente um dos principais motivos para consultas com ginecologistas. Vamos entender a fundo.
Órgão sexual feminino
Vagina é uma palavra que vem do latim, e significa bainha. É um órgão de formato tubular que vai da vulva, que é o nome da parte externa do órgão sexual feminino, até o útero, mais precisamente ao colo, onde fica o orifício de entrada (ou saída) do útero.
Assim como vários outros órgãos do nosso corpo, a vagina apresenta uma grande quantidade e variedade de bactérias, perdendo apenas para o intestino. As principais bactérias que constituem a flora vaginal são os lactobacilos, que produzem ácido lático, importante na manutenção da acidez e do equilíbrio com outras bactérias. Existem ainda glândulas que são responsáveis pela lubrificação —um muco que pode ser produzido no colo do útero —e a própria transudação, que é como se fosse uma transpiração das paredes vaginais.
A secreção vaginal normal pode variar conforme o período do ciclo menstrual, ficando mais transparente, elástica e pegajosa no período da ovulação, e mais esbranquiçada e até espessa em outras fases, podendo ter um odor característico. Contudo, quando há alguma alteração nessa secreção, ela pode se transformar em um dos tipos de corrimento vaginal.
As principais causas de corrimento vaginal
Candidíase vaginal
É uma infecção causada pela proliferação de fungos na vagina, levando à irritação de suas paredes. Os principais sintomas são irritação, ardência e coceira, que podem acometer a vulva também, e a presença de um corrimento normalmente esbranquiçado e espesso, que frequentemente vem acompanhado de pequenos grumos.
Candidíase costuma estar associada a fatores que alteram a flora ou o pH vaginais, como o uso de antibióticos, diabetes não controlada, realização de duchas vaginais, ou a fatores que levam a queda da imunidade, como em determinadas doenças, uso de corticoides ou infecções.
Sendo assim, uma rotina de vida saudável com atividades físicas regulares, cuidados com a alimentação, o sono e manejo do estresse podem diminuir as chances de uma mulher ter candidíase.
Vaginose bacteriana
É uma infecção que ocorre quando há um desequilíbrio na flora vaginal, e os lactobacilos acabam sendo substituídos por outros tipos de bactérias, sendo a mais frequente a gardnerella vaginalis.
Costuma causar um corrimento mais fluido que pode ser branco, acinzentado ou amarelado, acompanhado de um odor fétido característico, semelhante ao peixe. Pode ou não ser sexualmente transmissível, e pode ser favorecida por situações que interfiram na flora vaginal, como a realização de duchas, por exemplo.
Tricomoníase
É uma infecção sexualmente transmissível, causada por um parasita chamado trichomonas vaginalis. Pode causar um corrimento mais abundante, amarelo ou amarelo-esverdeado, acompanhado de ardência na região genital, sensação de queimação e dor ao urinar. Por ser de transmissão sexual, pode ser facilmente prevenida através do uso de preservativos.
Vaginose citolítica
Esse tipo ocorre por uma proliferação exacerbada dos lactobacilos, sim, aqueles que em quantidade normal são bons e até necessários para o equilíbrio na vagina. Quando isso acontece, eles podem se romper, daí o nome citolítica, o que acaba causando uma irritação com um corrimento esbranquiçado, que pode ser abundante, coceira, sensação de queimação e ardência ao urinar. Existem outras possíveis causas de corrimento vaginal, mas aqui listei apenas as mais frequentes.
Algumas medidas simples e que aparentemente não tem relação nenhuma com o equilíbrio da flora vaginal podem ser muito importantes, como cuidar da alimentação, por exemplo. Evitar o consumo excessivo de açúcar, alimentos processados e bebidas alcoólicas podem fazer muita diferença, principalmente nos casos de candidíase de repetição.
Manter uma vida sexual saudável e usar preservativo evitam desde uma simples alteração de flora até uma doença sexualmente transmissível. Não é recomendado fazer duchas vaginais, somente em casos bem específicos, pois elas podem alterar o pH e, consequentemente, o equilíbrio da flora.
Na dúvida, consulte um ginecologista, evite a automedicação, ela pode trazer consequências e em algumas situações até piorar o quadro.
Dr. Renato Zucchi
Médico Ginecologista e especializado em Medicina do Esporte. CRM/SP: 115946