Desemprego: dicas para dar a volta por cima
Em qualquer lugar do mundo, não há nada pior para as pessoas que vivem de seu trabalho do que o desemprego. Problemas de saúde, eventuais vícios, desestruturação familiar. Tudo isso pode ser consequência da perda não só da renda, mas também do sentido de realização através do trabalho.
“O desemprego deixa passivos que nem sempre são solucionados com uma recolocação. Percebo no consultório uma dedicação quase exclusiva de algumas pessoas à vida profissional. Quando a lacuna da demissão surge, as pessoas sentem-se despreparadas para dar um novo significado às suas vidas”, alerta a psicóloga Helena Monteiro.
Foi o que aconteceu com Lucia Chaves. Jornalista e trabalhando na mesma empresa por quase 20 anos, foi demitida em função de um salário alto e da crise enfrentada pelos veículos de comunicação. Após dois anos vivendo de serviços temporários e sem perspectiva de recolocação, entrou em depressão.
“Agora, em recuperação, fui fazer uma nova faculdade, de psicologia. O mais sofrido foi entender que a minha profissão tão amada virou outra coisa e deixou de ser aquilo que eu gostava. Esse processo me tirou energia, me adoeceu, me fez perder a identidade. Mas também me ensinou o quanto somos capazes de nos reinventarmos”, conta Lúcia.
O luto do desemprego
Muitas vezes, perder um emprego dói tanto quanto perder um ente querido ou terminar um relacionamento. Isso ocorre por conta das expectativas. Como aconteceu coma jornalista, é difícil deixar de ser algo com o qual conviveu durante 20 anos: sua profissão.
“Porque ainda se tem uma ideia de percurso construído através de uma trajetória linear. Com um começo, um meio e um fim em direção a uma ascensão social”, esclarece Camila Aloísio Alves, psicóloga e professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis.
À luz da psicologia, o que se recomenda para sair do luto e buscar novas oportunidades? Segundo a psicóloga, primeiro é preciso assumir o luto para poder elaborar os sentimentos de fracasso, medo, vergonha, que por ventura estiverem associados ao desemprego.
Por outro lado, o desemprego pode abrir a possibilidade para uma revisão da carreira. “Diante da perda de um emprego, precisamos nos acolher como recurso de autoconhecimento”, acrescenta Camila. Para a jornalista desempregada depois de 20 anos, foi exatamente o que ocorreu.
“Em seguida, é importante fazer uma reflexão sobre as motivações relacionadas ao trabalho e como melhor direcionar o aprendizado e as experiências adquiridos para buscar uma nova recolocação”, completa a especialista.
Desemprego sem desespero
Pode parecer difícil manter a calma diante o desespero e as informações negativas do mercado. Mas, no momento de desemprego, manter a tranquilidade e o equilíbrio torna-se um fator essencial para o reposicionamento.
Segundo Celso Bazzola, consultor em recursos humanos e diretor executivo da BAZZ Estratégia e Operação de RH, a ansiedade e o desespero dificultam ainda mais o raciocínio e apresentação das habilidades técnicas e comportamentais do profissional.
“Assim, primeiro ponto que ressalto: mantenha o raciocínio lógico. A busca por reposicionamento não é tão simples, porém também não é impossível, sendo necessário planejamento e preparo em suas ações e construções de novas oportunidades”, ressalta o consultor.
8 dicas para dar a volta por cima
Os especialistas sugerem algumas medidas para ter sucesso ao enfrentar o desemprego:
1. Amplie sua rede de relacionamentos a cada momento. Isto é, trabalhe o seu network, lembrando que esse não deve ser utilizado somente nas necessidades. Assim, esteja pronto também para ajudar e nunca deixar de ser lembrado;
2. Tenha confiança. Elabore bem uma autoapresentação, de forma transparente, segura e que demonstre preparo;
3. Durante uma entrevista, desperte o interesse do entrevistador. Através de um Curriculum Vitae bem elaborado, com ordem e clareza na apresentação descrita e verbal, apresentando quais seus objetivos e seu potencial;
4. Cuide da imagem pessoal. É tão importante quantos os demais itens. Assim como cuidar da mente. Invista em terapia, faça atividades que ajudem a manter a autoestima em dia;
5. Busque conhecimento. Informações além de sua formação nunca são demais, a fim de manter-se atualizado diante das mudanças de mercado;
6. Conheça as empresas. Ao buscar oportunidades, analise os produtos ou serviços, estrutura e sua colocação de mercado das empresas nas quais se busca recolocação;
7. Tenha transparência e autenticidade, esses pontos atraem as empresas. Um dos maiores erros é tentar construir um personagem. Seja você mesmo, demonstre o quanto tem valor nas competências técnicas e comportamentais. Lembre-se: será você mesmo quem vai assumir a vaga e terá que dar conta do que esperam de você;
8. Nunca é tarde para mudar. Assim como aconteceu com a jornalista Lúcia Chaves, muitas pessoas não conseguem adaptar-se às novas exigências de sua profissão. Então, já que a mudança seria inevitável, por que não aproveitar o desemprego para seguir uma nova carreira? Procure cursos, estágios e até uma nova formação acadêmica.
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