Maio de 2025 é o mês mais letal para mulheres em uma década no Estado

Maio de 2025 é o mês mais letal para mulheres em uma década no Estado
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Maio de 2025 encerrou com um dado alarmante: foi o mês mais mortal para mulheres no Estado desde 2015, ano em que o feminicídio passou a ser considerado crime específico no Código Penal. Em apenas 31 dias, seis mulheres — incluindo uma bebê de 10 meses foram brutalmente assassinadas por motivos relacionados ao gênero, elevando para 14 o número total de feminicídios registrados no Estado desde o início do ano.

As vítimas de maio foram mortas com extrema violência a tiros, facadas, espancamentos e até carbonizadas. Os casos envolveram majoritariamente maridos, companheiros ou pessoas próximas às mulheres, reiterando o padrão do feminicídio íntimo.

Em comparação, maio de 2024 não registrou nenhuma vítima. Já em 2023, houve uma morte. Em 2022, foram três vítimas; em 2021, cinco; em 2020, quatro; e nos anos de 2019, 2018 e 2016, três vítimas cada. Em 2017, duas mulheres perderam a vida no mesmo mês.

As mulheres assassinadas em maio de 2025:
Thácia Paula Ramos de Souza, 39 anos, foi encontrada morta no rio Aporé, em Cassilândia, no dia 14 de maio. Ela havia desaparecido após ser agredida pelo marido, que negou o crime. O corpo foi localizado três dias depois.
Simone da Silva, 35 anos, foi morta a tiros em Itaquiraí, também no dia 14. O autor foi um jovem de 22 anos, filho do amante da vítima. Ambos os envolvidos foram presos.
Olizandra Vera Cano, 26 anos, foi assassinada pelo próprio marido durante uma discussão à mesa de jantar, no dia 23, em Coronel Sapucaia.
Graciane de Sousa Silva, 40 anos, morreu no dia 25 em Angélica. Ela foi hospitalizada após passar quatro dias sendo agredida pelo marido. Embora o delegado tenha descartado feminicídio com base em laudos que apontaram infecção generalizada como causa da morte, o contexto de violência doméstica permanece evidente.
Vanessa Eugênio Medeiros, 23 anos, e sua filha Sophie Eugênia Borges, de apenas 10 meses, foram encontradas carbonizadas em uma área de mata no bairro Indubrasil, em Campo Grande. O autor, João Augusto Borges de Almeida, de 21 anos, marido de Vanessa e pai da criança, confessou o crime, alegando que não queria pagar pensão. A polícia enquadrou o assassinato da bebê como feminicídio, por se tratar de crime motivado por ódio à condição de gênero feminino.
Feminicídio: crime que não dá trégua
Os dados escancaram o agravamento da violência de gênero no Estado. Em uma década de vigência da Lei do Feminicídio, as estatísticas seguem revelando o que mulheres já conhecem em sua rotina: o perigo, muitas vezes, está dentro de casa.

Especialistas defendem que a resposta precisa ser mais do que judicial. É preciso fortalecer políticas públicas de proteção à mulher, investir em prevenção, acolhimento e garantir o funcionamento eficaz de redes de apoio e denúncia.

Maio de 2025 não será esquecido pelas marcas que deixou. Que as histórias de Thácia, Simone, Olizandra, Graciane, Vanessa e Sophie não se tornem apenas números — mas um alerta para que outras vidas sejam salvas. BATANEWS/REDAçãO

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