Mulher é chamada de ‘macumbeira’ e registra B.O de Intolerância Religiosa em Paraíso das Águas
V. D. de ., 46 anos, registrou um Boletim de Ocorrências (B.O) na delegacia de Polícia Civil de Paraíso das Águas, nesta segunda-feira (13), após se sentir ofendida por uma mulher de 21 anos, no último sábado (11).
De acordo com o histórico da ocorrência policial, a vítima estava em uma conveniência da cidade, enquanto a autora chegou proferindo xingamentos e a chamando de “Macumbeira, vagabunda”, que conforme a vítima, sem motivos aparentes. Sem entender, a vítima ainda chegou perguntar à autora, o que estava havendo, sendo agredida verbalmente e até ameaçada com uma garrafa de cerveja.
Diante dos fatos, a vítima procurou a delegacia de polícia, onde registrou a ocorrência por intolerância religiosa. Vânia é adepta ao Candomblé, que é uma religião de matriz africana que cultua os orixás.
A autora responderá pelo crime previsto na Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 “Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Intolerância Religiosa: como denunciar
Para além da fé individual, a diversidade religiosa agrega tradições, saberes, crenças e resistência. Seja por preconceito ou falta de conhecimento sobre as ações e origens, a justificativa para casos de intolerância religiosa é quase sempre nula. No dia 21 de Janeiro, quando é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) ressalta o debate sobre o respeito à liberdade de crenças e lembra como e onde casos de intolerância religiosa podem ser denunciados.
A coordenadora Especial de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial da SPS, Martír Silva, explica que a crença é parte fundamental da cultura dos diversos povos e que a intolerância religiosa no Brasil tem caráter histórico. “A intolerância se expressa como racismo, pois é movida pela negação de artefatos, de memória, de símbolos, inclusive os religiosos, ligados ao povo negro. E dentro da questão colonial escravista, uma perseguição também às religiões de expressão indígena já que há uma possibilidade de encontro do povo negro com o povo indígena”, afirma. “São exatamente as religiões pertencentes aos povos subalternizados pelos processos de colonização, de escravização. São religiões que saem do padrão europeu, branco, cristão”, completa.
*BNC Noticias