POR QUE MULHERES TÊM MAIOR PROBABILIDADE DE TER TROMBOSE?

POR QUE MULHERES TÊM MAIOR PROBABILIDADE DE TER TROMBOSE?
Thrombophlebitis in human leg. Painful inflamation of the leg veins. Medical issue
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A trombose causa uma em cada quatro mortes por ano da população mundial. Entenda as especificidades da trombose em mulheres.

trombose acontece quando há, nos vasos sanguíneos, a formação de coágulos sanguíneos, os chamados trombos, cuja formação dificulta a circulação normal do sangue. A trombose venosa é a mais comum e sua complicação mais grave é a embolia pulmonar. Esse problema acontece quando um coágulo, localizado no interior de uma veia, mais frequentemente na perna, se desprende da parede desse vaso e se desloca em direção ao pulmão, gerando um quadro potencialmente fatal.

O cirurgião vascular Mateus Alves Borges Cristino, diretor de publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), explica que a incidência de trombose é maior em mulheres apenas na faixa entre 20 e 45 anos. Entre os 45 e 60 anos, ela é maior em homens: “Isso se deve provavelmente à gestação, ao puerpério e ao uso de anticoncepcionais orais, todos sabidamente fatores de risco para a trombose”, afirma.

Além disso, segundo o cirurgião vascular, a incidência de trombose também aumenta significativamente com a idade e com outros fatores de risco, como câncer, imobilização prolongada, doenças inflamatórias, pós-operatório, trombofilias e tabagismo.

Os fatores de risco para a trombose são, principalmente, gestação, puerpério, uso de medicações hormonais e tabagismo. Além deles, o dr. Mateus esclarece que também existe uma condição anatômica que pode predispor a condição, chamada síndrome de May-Thurner, na qual uma veia abdominal chamada ilíaca comum esquerda é comprimida por uma artéria chamada ilíaca comum direita. Essa síndrome é mais comum em mulheres. 

“A incidência anual de trombose sintomática varia entre 50 e 100 novos casos para cada 100 mil habitantes. Se incluirmos a embolia pulmonar, esse número é 25% maior”, diz.

Diagnóstico da trombose

De acordo com o médico, o diagnóstico da trombose venosa profunda (TVP) começa com uma suspeita clínica. Os sintomas, em geral, são mais proeminentes quanto mais extensa for a trombose. “Como a maioria das tromboses ocorre nos membros inferiores, os sintomas mais comuns são: dor na perna, edema (inchaço) do membro afetado, endurecimento/emplacamento da panturrilha, calor local, alteração da coloração e surgimento de veias sentinelas visíveis”, expõe.

Após a suspeita clínica, um exame laboratorial chamado dímero-D pode ajudar a descartar uma trombose quando não aponta alterações. É importante lembrar, entretanto, que esse exame, quando alterado, não é capaz de confirmar o diagnóstico da doença.

Segundo o especialista, para a confirmação, são necessários exames de imagem, sendo o ultrassom vascular (doppler, duplex scan ou ecografia vascular) a principal ferramenta para o diagnóstico. Outros exames, como angiotomografia (exame de diagnóstico por imagem das veias e artérias), angiorressonância (avalia o comprometimento das principais artérias) e flebografia (radiografia que permite avaliar a anatomia de uma veia), também podem contribuir para o diagnóstico.

Tratamento da trombose

Sobre o tratamento, o cirurgião vascular salienta que este é principalmente clínico, com o uso de medicações anticoagulantes que visam limitar a extensão da trombose, prevenir a embolia pulmonar e, a longo prazo, evitar a recorrência. 

O tratamento cirúrgico para a remoção dos coágulos é uma situação de exceção e possui indicações bem pontuais e precisas. O filtro de veia cava, um dispositivo implantado por via endovascular, ou seja, por dentro do vaso sanguíneo, impede que um trombo se desloque da perna, alcance o pulmão e cause embolia pulmonar. Ele pode ser uma opção quando o paciente, por algum motivo, não pode utilizar anticoagulantes e está com uma trombose aguda ou recente.

Para isso, o especialista reforça ainda que “é importante lembrar que o uso de meias de compressão pode aliviar os sintomas da trombose e também preveni-la em determinadas situações”.

O fortalecimento da musculatura da perna, especialmente das panturrilhas, auxilia no retorno do sangue para o coração e é sempre indicado. O controle do peso e o combate ao sedentarismo são estratégias fundamentais para a manutenção da saúde vascular.

É possível ainda prevenir a condição praticando atividade física, bebendo bastante água, seguindo uma dieta saudável e evitando o excesso de peso e o tabaco. Além disso, se você faz parte da população de risco, pode pedir ao seu médico mais informações e tratamentos preventivos específicos. E caso sinta algum sintoma relacionado à trombose, solicite atendimento médico imediato para evitar o agravamento da doença.

     

Sobre a autora: Angélica Weise é jornalista e colabora com o Portal Drauzio Varella. Tem interesse por assuntos relacionados à saúde mental, atividade física e saúde da mulher e criança.

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