Prevenção ao câncer de mama: autoexame ajuda, mas não substitui exames clínicos
Anualmente, a campanha do Outubro Rosa promove a conscientização para o controle do câncer de mama. Uma das medidas preventivas mais utilizadas é o autoexame, em que a mulher apalpa os próprios seios em busca de caroços ou outros sinais de tumores.
O autoexame é a medida mais conhecida de detecção do câncer de mama — é o que mostra um levantamento realizado pelo Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec). Segundo a pesquisa, divulgada em 29 de setembro deste ano, 64% das mulheres acreditam que o procedimento é a principal forma de diagnóstico da doença.
A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), no entanto, alerta que o autoexame ajuda a mulher a conhecer o próprio corpo, mas não substitui o exame clínico das mamas, em especial a mamografia, recomendada com periodicidade anual a partir dos 40 anos de idade.
Recomendações quanto a mamografia e autoexame
O ginecologista e professor do curso de Medicina da Univale, Arthur Andrade, confirma que o autoexame está em desuso. Mesmo nos casos em que a própria paciente descobre um nódulo, é mais provável que isso ocorra no banho ou ao trocar de roupa, explica o médico. “A SBM e o Ministério da Saúde não preconizam mais o autoexame para detectar o câncer de mama, como era antigamente. É uma forma da mulher conhecer o corpo, mas para detectar o câncer a gente recorre a exames complementares, como a mamografia e o ultrassom das mamas, e o exame clínico, feito por ginecologista ou mastologista”, afirmou.
Arthur recomenda que pacientes sem histórico de câncer de mama na família, a partir dos 40 anos, façam acompanhamento com médico ginecologista ou mastologista. Havendo histórico familiar, o professor da Univale avalia que o acompanhamento deve ser mais individualizado. “Hoje em dia a gente tem feito muito diagnóstico de pacientes abaixo dos 40 anos”, completou.
Conforme as recomendações da SBM, o autoexame deixou de ser indicado devido à incapacidade de detectar tumores de até um centímetro, e também por fazer com que as mulheres deixem de procurar atendimento médico e outros exames. Tumores menores que um centímetro, ou tumores não palpáveis, são detectáveis pela mamografia, que é um exame de raio-x da mama. Uma cartilha produzida pela SBM recomenda o autoexame apenas para que a mulher conheça o próprio corpo, com realização sete dias após a menstruação ou, para mulheres que não menstruam, sempre no mesmo dia do mês.
Fatores de risco para o câncer de mama
A pesquisa do Ipec revelou ainda que a maioria das mulheres entrevistadas desconhece fatores de risco que podem aumentar a chance de contrair câncer de mama: 58% de mulheres ignoram o excesso de peso como um fator de risco, e 74% não associam o consumo de bebidas alcoólicas com a probabilidade de adoecer de câncer. Outros fatores, segundo a SBM, são:
- Sedentarismo;
- Alimentação irregular;
- Má qualidade de vida;
- Cuidado com a saúde.
A herança genética, embora seja responsável por entre 5% e 10% dos casos desse tipo de câncer, foi associada à doença por 82% das entrevistadas.
Homens também podem contrair câncer de mama, mas é raro que isso ocorra. Segundo o Ministério da Saúde, as ocorrências em homens representam apenas 1% do total de casos da doença.